terça-feira, 1 de março de 2011

Carta Argumentativa - 3º ano do Ensino Médio.

Características:
    o que diferencia a proposta da carta argumentativa da proposta de dissertação é o tipo de argumentação que caracteriza cada um desses tipos de texto. o texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal. Por outro lado, a  proposta de carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada.

Essa diferença de interlocutores deve necessariamente levar a uma organização argumentativa diferente, nos dois casos. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é freqüentemente a de persuadir um interlocutor específico (convencê-lo do ponto de vista defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido e que o autor da carta considera equivocado).


Vamos tentar exemplificar, mais ou menos concretamente, algumas situações argumentativas diferentes, para que fique claro que tipo de fundamento está por trás desta proposta da Unicamp. Imagine-se um defensor ardoroso da legalização do aborto. Perceba que sua estratégia argumentativa seria necessariamente diferente se fosse solicitado a :

 escrever uma dissertação sobre o assunto, portanto, escrever para o nosso “leitor universal”;
 escrever ao Papa, para demonstrar  a necessidade de a Igreja Católica, em alguns casos, rever sua postura frente ao aborto;
 escrever a um congressista procurando persuadi-lo a apresentar um anteprojeto para a legalização do aborto no Brasil;
 escrever ao Roberto Carlos procurando persuadi-lo a incluir, em seu LP de final de ano, uma música em favor da descriminação do aborto.


        Embora o foco desta proposta seja um determinado tipo de argumentação, o fato de que o contexto criado para este exercício é o de uma carta implica também algumas expectativas quanto à forma do seu texto. Por exemplo, é necessário estabelecer e manter a interlocução, usar uma linguagem compatível com o interlocutor (por exemplo, não se dirigir ao Papa com um jovial E aí, Santidade, tudo em cima?, muito menos despedir-se de tão beatífica figura com Pô, cara, tu é do mal!). Mas que fique bem claro: no cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário argumentar.
 
A estrutura de uma carta argumentativa
      Início: identifica o interlocutor. A forma de tratá-lo vai depender do grau de intimidade existente. A língua portuguesa dispõe dos pronomes de tratamento para estabelecer esse tipo de relação entre interlocutores.
      O essencial é mostrar respeito pelo interlocutor, seja ele quem for. Na falta de um pronome ou expressão específica para dirigir-se a ele, recorra ao tradicional "senhor" "senhora" ou Vossa Senhoria.
           Mas que fique bem claro: no cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário argumentar.
Diferenças importantes entre carta e dissertação
Cabeçalho: a primeira linha da carta, na margem do parágrafo, aparecem o nome da cidade e a data na qual se escreve.
Ex: Londrina, 15 de março de 2009
Vocativo inicial: na linha de baixo, também na margem do parágrafo, há o termo por meio do qual você se dirige ao leitor (geralmente marcado por vírgula). A escolha desse vocativo dependerá do leitor e da relação social com ele estabelecida.
Ex: Prezado senhor Fulano, Excelentíssimo senhor presidente Luís Inácio Lula da Silva, Senhor presidente Luis..., Caro deputado Sicrano etc.

Interlocutor definido: essa é, sem dúvida, a diferença principal entre a dissertação tradicional e a carta. Na carta estabelece-se uma comunicação particular entre o eu definido e o você definido.
Necessidade de dirigir-se ao leitor: na dissertação recomenda-se que você evite dirigir-se ao leitor por meio de verbos no imperativo(“pense”, “veja”, “imagine”). Ao escrever uma carta, essa prescrição cai fora. Você até passa a ter necessidade de fazer o leitor “aparecer” nas linhas.

Expressão que introduz a assinatura: terminada a carta, é de praxe produzir, na linha de baixo (margem do parágrafo), uma expressão que precede a assinatura do autor. A mais comum é “Atenciosamente”, mas, dependendo da sua criatividade e das suas intenções para com o interlocutor, será possível gerar várias outras expressões, como “De um amigo”, “De um cidadão que votou no senhor”, “De alguém que deseja ser atendido”, etc.

Assinatura: um texto pessoal, como é a carta, deve ser assinado pelo autor. Nos vestibulares, no entanto, costuma-se solicitar que o candidato não escreva seu nome próprio por extenso. Na Unicamp, ele dever escrever a inicial do nome e sobrenome (J.A. para Jão Alves, por exemplo). Na UEL, somente a inicial do prenome (J. para Jão).

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